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domingo, 21 de julho de 2013

UMPOBRE HOMEM DA RUA






Um homem,.
um simples e pobre e homem
da rua,
só,
faminto,
sem rumo
e
sem nome;
um homem
que vendo refletida,
através da vidraça,
sua desgraçada imagem,
desesperado
( o mesmo desespero que deu a
Cruz e Souza a coragem  de traduzir em soneto,
a angústia de ser preto),
gritou,
        gritou,
com toda a forca
de seu exaurido coração:
   
            1
  
Hei! Você, ai...
Ri...
Ri, triste palhaço.
E ele mesmo pôs-se a rir.
A princípio,
discretamente,
o riso frio,
riso dos que não podem chorar.
Depois, seu riso foi aumentando,
aumentando,
em intensidade e compasso,
até se transformar num trágico gargalhar,
choro dos que não podem rir.
Gargalhou.
Trágico-comicamente gargalhou.
E, tanto gargalhou que,
exausto,
foi ao chão.

           2

 Respirou fundo
e quedou-se estático,
mudo,
ali mesmo,
na rua,
onde sempre viveu

E, aos poucos,
ao som de buzinas,
roncos,
apitos,
vozes,
risos,
e
choros,
adormeceu,
para nunca mais acordar.


 Junho de 1980

































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