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sexta-feira, 12 de abril de 2013

UM TÊNUE E SUFOCADO GTITO: LIBREDADE



             1

Noite de insônia.
A lua,
toda nua,
passeando em céu de estrelas.
Tudo tão clamo,
tão sereno,
convidando à introspeção.

           
                2

Gosto de brincar com pensamentos
desconexos e contraditórios.
É como andar por caminhos ínvios
flutuar no vazio.

               3

Penso.
        Penso.
                E, pensando,
tenho visões apocalípticas:
gente devorando gente,
mães gerando mendigos,
escolas formando ladrões,
indigentes expulsos  de hospitais,
prostitutas brilhando nos salões,
delinqüentes se matando nas ruas
e inocentes lotando prisões.

              4

A noite continua
uma nuvem branca cobre a lua.
Meu pensamento divaga:
Amor,
         ódio,
                prantos,
                            flores,
                                    sexualidade,
                                                    solidão
                                                              e cantos.

               5

A noite chora.
Choro...
Nossas lágrimas caem à terra
                      e geram flores,
flores que enfeitam a vida,
mas, também, ornamentam a morte,
                               morte ocasional,
                                            voluntária,
                                                provocada,
                                                            natural,


                6  

Penso.
        Penso.
Penso nas coisas boas e belas da vida,
que consciências adormecidas
querem varrer da face da terra.
Mas penso,
também,
no mal que existe no mundo,
capaz de destruí-lo,
num segundo.
Penso na guerra,
no grito dos oprimidos.
na intolerância dos opressores,
na agonia da morte,
na tremenda falta de sorte,
dos meus irmãos sofredores.

             7

Penso também  em você,
meu amor.
Nos teus beijos,
nos nossos desejos
e anseios de felicidade.

            8

A noite chega ao fim.
A lua despede-se de mim
e, invejando o sol que desponta,
desaparece no horizonte.

            9

Então,
já não penso.
Durmo.
E, dormindo, sonho,
que o despertar do sol
é uma esperança,
uma leve esperança cheia de luz.
A sonhada esperança
que levou Cristo a morrer na cruz.
E, assim, acordo,
voltando os olhos para o infinito,
de onde me parece vir um grito,
um tênue e sufocado grito:
           liberdade, liberdade, liberdade, liberdade...



                                             Dezembro de 1964


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